A eleição municipal para escolha do novo prefeito
de Eldorado será no próximo dia 7 de abril. Em Cananéia Pedrinho do Bar,
presidente da Câmara Municipal, continua sendo o prefeito enquanto a Justiça
prossegue análise do recurso interposto por Adriano Dias.
O cancelamento dos registros dos prefeitos eleitos
de Cananéia e Eldorado mostra que a Justiça brasileira, nesse caso, a Justiça
Eleitoral muitas vezes se dissocia da vontade do povo. Valmir Beiber foi eleito em Eldorado com mais
de 60% dos votos mas a Justiça Eleitoral cancelou seu registro e, portanto,
considerou nulos mais de 60% dos votos dos eleitores eldoradenses, porque Beiber filiou-se ao PMDB local uma
semana após o prazo legal.
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Beiber: o prefeito que o povo de Eldorado queria |
Ora, Beiber era filiado ao PMDB de sua cidade
natal, em Santa Catarina. O programa do
PMDB é o mesmo do Oiapoque ao Chuí, por que então a vontade popular não se
impôs sobre uma legalidade boba – domicilio eleitoral ?
O caso do prefeito reeleito de Cananéia é ainda
mais revelador de quanto a justiça está distante da vontade do povo a quem deve
servir. Em 2006, durante a campanha eleitoral de deputado, Adriano Dias, que é médico, usou papel de propaganda eleitoral de um
candidato a deputado federal para anotar o nome de um remédio a pedido de um
cidadão.
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Adriano Dias |
No posto de saúde alguém confiscou o papel e usou
para demitir Adriano, que era funcionário da prefeitura. Como o salário
atrasava constantemente e tinha dois outros empregos – no HRVR e na prefeitura
de Cajati – Adriano não contestou a demissão a bem do serviço público.
Dois anos depois, Adriano foi eleito prefeito e seus opositores não
conseguiram impedir sua candidatura por conta da demissão. Em 2011, no entanto, a Lei da Ficha Limpa deu
argumentos para tentar impedi-lo de ser candidato à reeleição.
Com liminares Adriano conseguiu ser candidato, foi eleito, diplomado e teve o registro cancelado e, consequentemente, o diploma cassado.
Ora, se ele cumpriu um mandato sem qualquer ato que
desabonasse sua conduta pública, por que um acontecimento anterior ao seu
primeiro mandato tornou-o inelegível? Dá para entender isso olhando a vida com olhos livres ?
Enquanto Adriano e Beiber, que não cometeram crimes, foram punidos pela Justiça,
José Genoino, ex-presidente do PT, assumiu uma cadeira de deputado
federal mesmo tendo sido condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a seis
anos e onze meses de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no
julgamento do mensalão.
Gabriel Chalita (PMDB), também deputado federal,
acusado de ter sido beneficiário de um esquema de corrupção que lhe rendeu R$
40 milhões quando foi secretário da Educação do Estado de São Paulo, preside a
Comissão de Educação da Câmara Federal.
E, reentemente, foi eleito presidente da Comissão dos
Direitos Humanos o deputado federal Marco Feliciano (PSC), réu no STF por crime
de estelionato. Pastor da Igreja Assembleia de Deus, o presidente da Comissão
de Direitos Humanos é autor de
afirmações homofóbicas e racistas. Segundo opinou, o amor entre pessoas do
mesmo sexo leva “ao ódio, ao crime e à rejeição” e africanos descendem de um
animal “amaldiçoado”.
Esses homens, com biografias manchadas por
corrupção ou suspeita de, e detentores de opiniões tão rudimentares sobre a
condição humana, são responsáveis por escrever e aprovar leis que interferem no
dia a dia de todos os cidadãos.